quinta-feira, 4 de novembro de 2010

DIFERENTE, MAS IGUAL

Crônica  
Diferente, mas igual

Já eram 22:03 da noite de sábado, eu tinha acabado de sair de um jantar a negócios, quando decidi passear pelas margens do Lago Azul, situada na Praça Simões filho, admirando as lindas paisagens e a bela musa branca da noite que bailava pelo céu.
Sentei-me no banco para descansar, próximo ao parquinho de diversão que ali havia e logo, lembrei-me dos meus tempos de criança, brincando e me divertindo com os meus amiguinhos. Numa certa perda de olhar, avistei de longe de uma criança sentada no banco. Então, decidi me aproximar e logo, veio a surpresa: era uma garota com mais ou menos 12 anos, de cor parda, de olhos claros, deparados com as lágrimas e agarrando em suas mãos um coração de pelúcia em que esta escrito “AMOR”. Sentei-me próximo a ela e inclinei-me sobre o banco, dei-lhe um sorriso. Com os meus dedos, enxuguei suas lágrimas e suavemente lhe perguntei:
- O que está acontecendo, meu bem?
Perguntei, achando se tratar de uma criança recém perdida de seus pais.
- Nada não, senhor.
Respondeu-me com muito medo e com uma voz suave parecendo a brisa da manhã.
- Querida, onde você mora?
- Eu moro...eu moro na “RU-A”.
- Quantos anos você tem?
- Eu tenho 13.
Um  pouco abalado, logo me perguntei: “como pode?” “ Por quê?”
Então, respirei fundo e lhe perguntei:
- Como você se chama? Cadê seus pais?
Com um olhar poderoso e ao mesmo tempo, tão fraco, ela me respondeu:
- Meus pais morreram na cadeia, após ficarem presos por dois anos: por terem roubado um pão para o sustento de nossa família que vivia a mendigar. Sem ter onde dormir, portanto, estou sozinha no  mundo sem ter para onde ir. Meu nome é Amanda Sousa.
Com os olhos cheios de lágrimas, inclinei minha cabeça e logo, pensei nos meus filhos Andrew e Jullya. Pensei no luxo em que vivemos. Na mansão situada no centro da cidade e da nutrição em excesso. Enxuguei os meus olhos para que ela não compreendesse, tentei imaginar o seu sofrimento e meio sem noção lhe perguntei:
- Você já jantou?
Com uma cara faminta, respondeu-me que não.
Então, eu a levei até um restaurante, mandei lhe servir o mais caro e gostoso prato. Fomos até uma loja que estava a fechar, comprei-lhe vestes novas e depois tomamos sorvete juntos. Já agradecida e com lágrimas nos olhos, ela me perguntou:
- Por que você resolveu me ajudar?
- Senti-me obrigado, a te ajudar, pois você tanto necessita.
- Se todo mundo fosse igual a você, talvez não existiria meninos(as) de rua, não haveria jovens se prostituindo ou até nas drogas.
- Ninguém nunca me ajudou, só faziam zombar de mim, me chamando de negrinha e quando me ajudavam sempre queriam algo em troca.
Ela me agradeceu novamente, me deu um abraço e saiu a sorrir pela praça. Eu senti um vazio, pois não sabia o que ia acontecer com o destino daquela menina. Será que quantos iriam tratá-la com igualdade ou diferença até ela conseguir uma vida digna?

Aluno: Augusto Vagner C. Santos   Série: 8ª V 1     
Orientadora:  Eliene Silva - crônica

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